Seis meses após enchentes, RS ainda tem 27 desaparecidos: 'É muito dolorido', diz sobrinho de casal de idosos

  • 17/11/2024
(Foto: Reprodução)
Elirio e Erica Brino, de 78 anos, desapareceram após enchente alcançar propriedade da família em Roca Sales. Autoridades seguem as buscas. Erica e Elirio Brino, casal desaparecido após enchente em Roca Sales Arquivo pessoal O casal Elirio e Erica Brino, ambos de 78 anos, está entre os 27 desaparecidos na enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024, segundo a Defesa Civil do estado. (Veja abaixo a lista de nomes) – 183 pessoas morreram. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Para a família do casal de Roca Sales, município de 10,6 mil habitantes no Vale do Taquari devastado pela tragédia ambiental, a sensação é de vazio. Os Brino não têm notícias do paradeiro de Elirio e Erica há seis meses. Eles estavam em casa, em uma propriedade rural nunca antes atingida pelo Rio Taquari. Em poucos segundos, o local foi levado pela força da água. Seis meses após a tragédia, o sobrinho Nivaldino fala como a ausência dos tios é sentida pela família. "Todo mundo gostaria de encontrá-los. É muito dolorido não encontrar, não dar um sepultamento digno. A gente vê esse vazio. O Dia de Finados passou, a gente gostaria de depositar uma flor", conta. No entanto, as autoridades mantêm as buscas sem previsão de encerramento. De acordo com o major Gustavo Lock, do Corpo de Bombeiros, as buscas envolvem diversos desafios, como o acúmulo de entulho e sedimentos nas áreas atingidas, o que dificulta o acesso dos agentes. A presença de destroços nas enseadas obstrui o caminho das equipes, que precisam remover camadas de sedimentos, causados, principalmente, por deslizamentos. "Agora começa a ficar cada vez mais difícil, porque, com o passar do tempo, o odor vai se dissipando. E aí os cães têm um pouco mais de dificuldade no faro em localizar aquelas pessoas", destaca o major. No entanto, o major afirma que o atual cenário climático traz novas possibilidades, já que as áreas que estavam alagadas estão secando com a chegada do período mais quente, ampliando as possibilidades de investigação. Além disso, Lock conta que as áreas onde há volume de sedimentos ou materiais acumulados são consideradas prioritárias. A equipe conta com três cães e forças de resposta rápida (FRs), embora, devido à continuidade das operações, a quantidade de pessoal disponível tenha sido reduzida e seja necessário realizar revezamentos. As FRs, que são grupos de militares especializados no Corpo de Bombeiros, são mobilizadas para situações de maior complexidade. Cada unidade é composta por até oito militares, divididos em células, e possui treinamento para atuar em situações extraordinárias. "A maior dificuldade, nesse momento, é que as ocorrências permanecem. Isso também gera uma certa dificuldade para o nosso atendimento das ocorrências ordinárias", explica Lock. O major ainda reforçou que, apesar da passagem do tempo e do retorno à rotina, o trabalho ainda é essencial. "Com o passar do tempo, é normal, a vida volta, as rotinas voltam, e as pessoas muitas vezes esquecem dessa parte que aconteceu. Mas para as famílias atingidas, para as localidades, é importante mantermos (as buscas)", conta. ANTES E DEPOIS: como estão os lugares atingidos Mãe de bebê salvo de helicóptero: 'A gente agradece todo dia' Turismo e retomada de eventos na Serra impulsionam economia Morre idosa que se emocionou ao reencontrar vizinha em terreno devastado pela enchente Procura por desaparecidos após temporais e cheias em Bento Gonçalves Reprodução/RBS TV Família Brino Das 14 vítimas confirmadas da enchente em Roca Sales, quatro são da família Brino: o filho do casal, Dorly; a esposa dele, Janice; e as netas dos idosos, Maria Eduarda e Gabriela. Outro neto, Eduardo, sobreviveu à tragédia. Segundo Nivaldino, a família morava em uma propriedade rural relativamente distante do Rio Taquari. Nem mesmo na enchente de setembro de 2023 a água havia chegado ao local. Os Brino perceberam que havia algo de errado quando os bueiros próximos começaram a entupir. "Nós morávamos longe do rio. O rio, para nós, não afetava em nada. A gente nunca esperava", diz o sobrinho. Ele e um parente foram buscar ajuda. Em poucos segundos, a água alcançou o terreno, levando tudo o que tinha pela frente. "A propriedade deles está toda destruída. Foi tudo embora. A granja desceu, juntou os galpões, a casa que eles tinham", relata Nivaldino, que também perdeu sua casa e hoje vive com os filhos em Muçum. Terreno arrasado em Roca Sales pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul. Reprodução/Globo Lista dos 27 desaparecidos: Agudo (1): William da Silva Ramos Barros Cassal (1): Olivan Paulo da Rosa Bento Gonçalves (4): Carine Milani, Isabel Velere Antonello Gallon, Lourdes Helena Lazarini e Nelsa Faccin Gallon Canoas (2): Jose Everaldo Vargas de Almeida e Adriano Sandaowski Caxias do Sul (1): Doceliria Lourenço da Silva Cruzeiro do Sul (5): Adriana Maria da Silva, Diana Alves Meirelles, Fabricio Adriano Wendt, Jorge Lauri Rodrigues e Valdelirio Farias do Amaral Encantado (2): Bernadete Marques da Silva e César Gilmar das Chagas Estrela (1): Andre Dutra Lajeado (3): João Luiz Maurante, Gladis Elisabeth da Silva e Alexânder Júnior da Silva Marques de Souza (1): Clair Teresinha Bergmann Poço das Antas (1): Vanderlei da Rosa Porto Alegre (1): Diulnei Silva Corrêa Relvado (1): Leandro da Rocha Roca Sales (2): Elirio Brino e Erica Brino São Leopoldo (1): Carlos Eduardo Lassakoski dos Santos Vídeo mostra destruição em Roca Sales, no Vale do Taquari VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/11/17/seis-meses-apos-enchentes-rs-ainda-tem-27-desaparecidos-e-muito-dolorido-diz-sobrinho-de-casal-de-idosos.ghtml


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